MONÓLOGO MONÓTONO.
Conto os nós
Ponto por ponto,
olho os corpos..
o sol..
Todos mortos
No tronco
Todos os povos
Nos sonhos
Todos os rostos.
No sono
No fogo
Todos os cromossomos.
Todos os ossos.
Conto os corpos..
O gosto lodoso do fosso.
O socorro oposto
no doloroso dorso do lobo.
 No formoso voo do corvo
Colho os ossos.
Só..
Pó.
Flor, dor, cor
Componho os sonhos
Conto os nós..
Jane Freitas
Esta é minha religião..
Celebro os ciclos naturais da minha vida e da natureza.
Contemplo um Deus ao céu aberto.
Um Deus firme e forte como a pedra
Fecundo e perene como a terra
Transparente como a água
Suave como o ar.
Ardente intocável como fogo.
Minha religião é banhada pelo sol
Pelo vento que passa nos campos cheio grãos e sementes,
Pela chuva que chega lúcida e fresca
Batizando a todos sem distinção.
Meu templo:
As plantações,os arvoredos
Uma santa celebração majestosa como sacerdotes.
A floresta se veste a luz do sol flamejante, 
Murmura um canto dolente e sacro
Acompanhado pelo coro dos pássaros!
Por entre as ramagens uma paz viva e consoladora
Eu me curvo..
Diante das ervas, da relva, sob meus pés soberbas e divinas!
Me aninho por entre as folhagens e confesso,
A ignorância da minha alma
As nódoas do meu pensamento.
Ela não escolhe, tudo lhe é bom.
Afaga com doçura, distribuindo vida.
A mão que colhe seus frutos, a mão que golpeia seu tronco
o homem iluminado, o homem obscuro.
Tudo entrelaçado numa mesma aurora.
Vejo as raízes das flores se alimentando da podridão dos tiranos.
Como um grande ventre todos se fundem
Na promiscuidade sagrada da terra.
A natureza é a mais doce religião
Tem a mais verdadeira escritura.
E como mãe, imensos perdões!!!
Jane Freitas

SAUDADES....MÃE!


A saudade está aqui
Séria e triste.
Só falta o manto negro
Que não lhe ponho.
Pois a prefiro orvalhada de lágrimas.
Minhas preces estão subindo a teu encontro
Aproveito este momento de saudade
E te evoco inteira.
Vejo nossa casa reflorir com tua presença,
Te vejo na paisagem, no barulho da vida.
Mas sem a certeza do encontro
 E sem  o perfume dos vivos.
E isto doi mais que a saudade.
É por isto que neste momento de lembranças
Prefiro a orvalhada de lágrimas.
Porque não saberei quando ela voltará,
Assim com tanta plenitude!!
SAUDADES!!
JANE FREITAS

O eterno de ti
A estrada a pedra e o tempo
O choro de menino
A batalha vencida
O canto ferido
O gozo e o gemido
O eterno de ti!
A maneira de ser humano
A crença que resistiu purificada
O orvalho regando o verso
O amor que aprendeu  ser inteiro.
Deixando fragmentos de aurora ardendo pelo caminho
Isto é o eterno de ti!!!
JANE FREITAS