SOMENTE EU!







Hoje estou escondida de mim mesma
Sem olhar para ninguém.
Sinto a forma imperfeita de um poema
UM poema inacabado
Que fala do sentimento em vão
Da vida sem razão.
Hoje meus olhos deixaram
De ser a fonte murmurosa,
Deixou de apiedar
Diante da frieza da morte.
Que ironiza
À areia fina da ampulheta.!
Hoje remendo minhas recordações.
Com os retalhos,que sobraram
De uma longa experiência.
Hoje enluto meu corpo,
Amargo minha boca,
Congelo meu coração..
Na agonia da tua partida
Hoje disfarço de mim mesma.
Humildemente, tão somente,EU.
Janildes..

SAUDADES!!


EU! de saudades..
Camuflado no colorido das folhas.
Perdido numa saudade
Mais fria e lívida que a lua.
Mais profunda que a noite.
Que faz a alma docemente doente..

EU! com saudades..
A vida tornou-se um eco
As tardes se arrastam silenciosas.
Despira-o inverno rude e impiedoso
E a ventania em fúnebre lamento.

Sinto o último raio de sol,
O último instante foi de saudade,
De mim.. de ti..
A densa saudade em algum lugar
Em mim é fonte, líquido
Que ficará eternamente
Por detrás da lágrima invisível..

Surge no longínquo horizonte
As primeiras pinceladas  rubras do sol poente.
Que definem a imagens de altas motanhas..
E serenos morros
Onde o vento conduz minha história.
Distantes e inquietas as ondas do mar
Beija a areia semi-adormecida,
Apagando.. pegadas..
Que já não são as minhas..
Janildes..

MOMENTOS DE OUTRORA!





Silenciai murmurio do vento!
Para que meu amor adormeça.
Longe dos presságios, e da minha dor.
Enquanto teu corpo se tranforma em sonho
Que reinará em meu pensamento.
Que eu cante a vida que passa
Relendo nas mãos vazias
As linhas de algum roteiro.
Dos destinos sem destino.
Neste céu de remendos,que cobre minha nudez.
De tantos impusos,
Vorazes momentos,
Alheios desejos.
Sou feita de tudo e nada,
Da pele dos seios fazem-se petálas das margaridas
Dos olhos tristes fazem-se violetas.
Da cor dos lábios a rubra primavera.
Hálitos perdidos, mãos macias ,
Sentimentos velados.
Da noite desconhecida e fecunda
Meu remorso frio, surdo,inflexível.
Faz subir ao rosto o suor de minhas falhas.
Não ha lugar que me abrigue,
Sei que flutuas em mim.
Anjo da morte que me espreita
Nas encruzilhadas do universo
Na manhã de outras manhãs, que não verei nascer!!

Janildes..
Sou mais sombra que alma,
Brota em mim o perfume
Das flores que semeei
Minha tristeza..ri.
O sonho chega.. tremo.
O calor me imunda.. amo, quero.
No teu olhar ha estrelas
De todas minhas noites.
Brilham auroras no sorriso.
O beijo é alimento.
Sinto vontade de cantar
Não preciso;eu própria sou o canto.
HA! aquele vento vivo como um beijo
Quero estar nua para senti-lo
Como se fossem tuas carícias invisiveis.
Sentir este vento é tudo que inda me resta.
Janildes..

SOU SÓ UM SONHO!



O dia não amanheceu
O sol não surgiu alvo e flamajante.
Ainda é noite em minhas lembranças.
Mas na claridade de teus braços
Meus dedos deslizam
Busco o gosto da tua boca.
Teu olhar é denso e doce.
E a note está mais linda  que meu vestido
Esvoaçante, que farfalha na penumbra das flores
Tens no rosto enluarado, um brilho súplice.
És luar e perfume..
Eu flor..descoberta..
Enxugo o rosto e me deixo ir
levada pela mão nunca esquecida,
Minha sombra é longa
Caminho no rumo dela e da esperança
Que se encurta..
Pois agora sei que sou sonho
Meu.. teu e de todos os homems..

Um carinho do meu amigo poeta Arnoldo Pimentel