ACORDEI OUTRA VEZ!


Acordei outra vez.
Para todos os sons
Para a força das cores
Para ação dos ventos
Para a mão do tempo
Para tolerar todas as dores.
Acordei outra vez.
No escuro do meu leito
Sem lágrimas ou súplicas
Só lembranças palpáveis.
Jorrando vida da fonte do meu peito.
Acordei outra vez.
Na realidade implacável
De amar sem limites
Amar sempre sem clausuras.
E nutrir deste mundo
Deserto visto em falso medo
Acordei outra vez.
De um sonho fugaz
Para viver outra vez
E ser outra, outra vez..
JANE FREITAS..

PEREGRINA VENTANIA!

Eis-me de novo distante de tudo que desejei.
Peregrina ventania!.
Só tu caminhas pela minha vida
Só tu voltastes para meu desejo..
Abraças meu corpo esquecido num canto da lembrança.
Queima-me as veias
Lembrando-me do gosto da tua pele.
Falando de amor,
Viajando com ternura
Levando- me a morte.
Peregrina ventania!
Chegas em horas vazias trazendo o triste amargor,
Da solidão que me persegue,
Que escondida me acompanhas,
Sorrindo luz e versos!
Jane Freitas.


SILÊNCIO ABSOLUTO!!


Caminho sem regresso o círculo Da noite e do dia,
Caminho pelos campos como se fossem meus campos,
Subo cada ladeira por ser minha.
Saudo o  silêncio das manhãs de sol.
E guardo meu silêncio contra minha própria voz.
Faço emudecer minhas canções de amor.
Os anos se empilham nos ombros,
Mesmo assim subirei ao alto das colinas
Para observar o orvalho sutil do dia que amanhece.
Na planta dos pés o destino que se segui,
Nas mãos fluem os rios do tempo,
No  sangue o segredo da vida terrena
Que já ousa romper as  postas da eternidade.
Pois hei de morrer sem ruídos,
Como convém a quem conhece sua morte.
Em noites de luar, ou em manhãs de sol..
Hei de fazer a pé o caminho que haja.
Hei de esperar no umbral
Até que qualquer anjo, ou qualquer santo..
Convenha abrir-me a porta..
E se abrir...
Será em silêncio absoluto.
Jane Freitas..

MEUS MORTOS!!

Caiu a última  gota de orvalho.  
A planta viva foi arrancada do meu corpo
E lançada no leito da terra.
Sou fruto das raizes..
Calou-se o último grito na garganta.
Emudecendo as dores pungentes.
Lábios trêmulos, envelhecidos
Fecharam-se lentamente
A porta do meu coração.
Fios de ilusões perderam-se pela estrada,
Pedaços de sonhos velhos se despediram em vão.
Desaparecendo com a poeira amarela da solidão.
Gotas de fel espalharam pelo céu da minha boca.
E qualquer céu é tristeza e castigo.
Não há música para meus ouvidos
Desconheço a doçura dos seios das flores.
Meus mortos ! Aqui estou.
Só a morte compreende
A alma de pranto oceânico.
O corpo abraçado no próprio corpo.
Agarrado ás paredes do meu universo..
Meus mortos!
Não verás os dias cinzentos,
Não ouvirás meus soluços cortando minha alma
Em desespero vos clamando..
POR QUE FOSTES??
Jane freitas..
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MÃE!


MÃE..
Não sou o fruto do teu ventre.
Não tenho os traços teus.
E nunca compreendi ,
O porque de teus segredos.
Que foram a agonia dos dias meus.
Hoje reavivo minha memória
Vendo as marcas,e as cicatrizes..
Que eu e você carregamos..
De nossa história..
Agora...
 Em teus olhos de tristeza..
Vejo a chama da tua vida sendo apagada
Mas eu te contemplo avidamente..
Procuro as tuas rugas mais tristes,
Sei que nelas me encontrarei.
Hoje minha mãe,
Tenho a compreensão de mãe,
E a ternura de filha.
Hoje minha mãe..
O que importa! Não ser fruto do teu ventre.
Mas o fruto de tua alma.
Colhido por tuas mãos.
Que arduamente, incansadamente..
Me ensinastes  com o coração..
Os sentimentos mais sublimes da vida
O amor e o perdão...
ANA CÂNDIDA DE BARCELOS:(09/12/1923 -10/02/2011)
A noite voraz sugou o sono dos meus olhos,
E agora somos três..
Eu, minha sombra e minha amiga lua.
Nessa noite pagã canto,danço e bebo..
Se canto a lua me ouve em silêncio.
Lua tão branca e tão fria , amiga inconstante!
Se danço, minha sombra dança tambem.
Mais fiel que a sombra, é a morte.
Sombra saida de mim
Prisioneira dos meus pés.
E eu prisioneira da noite..
Se bebo, nem a lua nem a sombra tem sede
Só a noite me devora..

Rasga meus versos
Ó! noite de amargura..
Eles não foram feitos para ti.
Custaram o amor que não tive.
Para o infortúnio é que os escrevi!!!
Autor Janildes

MÁGICO SEM DOROTHY

 
MÁGICO SEM DOROTHY

Eu sabia que você faria tanta falta
Acho que porque estava sempre ao meu lado
Eu não sabia o quanto era importante
Ouvir suas palavras

Um dia em que estávamos muito sozinhos
Eu ouvi você falar que iria partir
Mas que sabia que eu não seria feliz plenamente
Porque eu não sabia esperar as horas passarem

Lembro as suas lágrimas quando falei que seria preso
Pelas árvores da imaginação
Que nos levam onde não sabemos como sorrir
Depois de tempos de vôo

Hoje eu sei o que você queria dizer
Quando me pediu para esperar que você partisse
Para eu sonhar com meu caminho para o mundo de oz
Aonde a felicidade iria me esperar entre desilusões

Que a vida escreveu nas sombras dos espelhos
Que reflete a imagem distorcida de nosso amor
Ilustrando nosso coração com palhas e lata
Mas que no fundo só quer encontrar um amor que nos faça feliz